Estudantes de engenharia de Sorocaba, no
interior de São Paulo, estão contribuindo com a Nasa no desenvolvimento de
protótipos de uma colônia humana na Lua. Os alunos do curso de Engenharia da
Computação e Jogos Digitais da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens)
criaram as habitações que, no futuro, poderão abrigar astronautas em missões
espaciais. Com a aparência de um iglu, as moradias têm o formato circular para
resistir à diferença de pressão, sistema de distribuição de oxigênio e podem
abrigar até quatro astronautas cada uma. O projeto foi apresentado aos
cientistas da Nasa no mês passado, por uma equipe que viajou aos Estados
Unidos.
O grupo brasileiro é o único da América Latina
a participar da missão, que reúne outras 13 equipes de universidades de todo o
mundo. Também foi o primeiro a ter no time alunos não graduados, uma vez que as
demais são formados por pós-graduandos, mestres e doutores.
De acordo com a professora Andrea Braga,
coordenadora do curso, o programa lunar da Nasa existe desde 2011 e reúne
pesquisadores para simular projetos de exploração espacial. A Lua é vista pelos
cientistas americanos como um posto avançado para a futura exploração do
planeta Marte. A equipe brasileira foi incumbida de desenvolver o módulo de
habitação, onde os astronautas poderão descansar.
Em 3D
Além das moradias, a colônia lunar conta com
veículos para locomoção, base de lançamento de foguetes, uma fábrica de
oxigênio e instalações para impressão em 3D. De acordo com Andrea, o plano da
agência é ter o projeto pronto para execução até 2025. “O que eles disseram por
lá é que, com o presidente Donald Trump, os projetos espaciais estão ganhando novo
impulso.”
Os estudantes tiveram de interagir com as
equipes incumbidas de outras tarefas para dar uniformidade ao trabalho. As
reuniões eram realizadas semanalmente por videoconferência, enfrentando
obstáculos como fuso horário, problemas de conexão e até de língua, já que
alguns pesquisadores eram de Japão, Itália e Alemanha.
“Tivemos alguns percalços, como a necessidade
de realocar os painéis de energia solar, porque acabaram ficando sob a sombra
de uma antena projetada por outro grupo”, contou o professor André Carneiro,
que orientou o grupo.
Andrea conta que tudo começou em 2015, quando o
gerente de transferência de tecnologia do Kennedy Space Center, Mike Lester,
esteve em Sorocaba para dar uma palestra aos alunos da Facens.
Lester gostou do interesse dos estudantes e da
estrutura da escola, abrindo as portas para a participação no projeto. “Com a
ajuda do presidente da Câmara de Comércio Brasil-Flórida, Jefferson Michaelis,
conseguimos iniciar a parceria com a Nasa”, disse.
Rumo a Marte
Mesmo tendo entrado no projeto quatro meses
depois que as demais equipes, a turma de Sorocaba conseguiu concluir todas as
etapas no prazo. “O time foi reconhecido com louvor pela Nasa”, disse. Este
ano, um novo grupo está sendo formado para o próximo desafio, que será
concluído em 2018. Em contato com os astronautas dos Estados Unidos, Andrea
ouviu deles que o grupo de alunos terá de ir ainda mais longe. “Ainda é uma
expectativa, mas pelo que ouvi, nosso próximo trabalho vai envolver o planeta
Marte”.
Fonte: Veja
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